Os Livros de Papel e os Livros Digitais

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Como estamos às vésperas das feiras do livro, como a da Praça da Alfândega em Porto Alegre e as do interior, inclusive a do Armazém Literário em Santana do Livramento, promovido todos os anos pela Biblioteca Comunitária Paulo Cesar Guggiana, dirigida pelo casal de escritores Jorge Santos e Elieti Da Silva Souza, estou reprisando o artigo abaixo, que publiquei em 2015.

Está ao alcance de qualquer pessoa, por mais humilde que seja, desde que saiba ler, pegar um livro e ir sentar num banco da praça à sombra das árvores.

Mas não está ao alcance de todos pegar o seu artefato eletrônico de leitura e fazer a mesma coisa.

Quando muito poderá fazê-lo dentro de casa ou no pátio cercado de grades de um condomínio residencial.

Fora disso, a utilização de qualquer aparelho eletrônico mais sofisticado em lugar público, poderá despertar a cobiça e o desejo de furto.

A segurança justamente é uma das grandes vantagens do livro tradicional, com toda a sua humildade em relação às invenções que pretendam substituí-lo.

Antigamente, roubar livros era coisa chique. Ladrão de livros era gente fina. Não era como estes ladrões do erário público que se sujam em roubar dinheiro.

Antigos intelectuais cleptomaníacos costumavam roubar livros nas bibliotecas ou livrarias e levá-los para casa em baixo do casaco, muitas vezes com a complacência dos próprios livreiros que fingiam não notar para não perderem o cliente e o amigo.

Mas esse hábito salutar de roubar livros foi diminuindo pela escassez não de ladrões e sim de leitores e intelectuais. Hoje ninguém mais rouba livros. Eles não proporcionam nenhum lucro financeiro aos ladrões. Apenas o prazer a quem gosta de ler. E o gosto pela leitura é uma coisa que também diminuiu bastante. Atualmente os artefatos eletrônicos de leitura ou de audição de leitura são os mais diversos.

Num pequeno artefato eletrônico digital chamado ‘tablet’ podem ser armazenados muitos livros, e quem quiser, durante uma viagem, escutar uma leitura com um fone de ouvido, pode utilizar um MP3 do tamanho de um isqueiro ou de uma caixa de fósforos. E nessa mesma linha de aparelhagem, no momento em que escrevo isto, estão surgindo no mundo as mais recentes novidades.

Mas enquanto formos seres humanos de carne e osso, feitos de células, tecido orgânico, dotados de um cérebro animal natural, raciocínio, inteligência, idéias e emoções — ou seja, enquanto não formos transformados em robôs — podemos até nos valer de algumas das invenções eletrônicas da ciência pós-moderna e da tecnologia digital, mas nada substituirá, em qualquer parte do mundo, por sua antiguidade, economia e praticidade, o livro de papel.