Sentido da vida

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Vi uma palestra na mídia do filósofo Luiz Felipe Pondé, o qual deu uma resposta para uma inquietude minha com relação ao sentido da vida em um mundo tão rápido e incompreensível diante da nossa existência. Segundo ele, há na nossa vida uma neurose com relação aos filhos da que se tinha antes. Segundo ele, os casais de hoje têm só um ou dois filhos e os erotizam com muita expectativa, esperam que eles sejam pessoas evoluídas, o que os pais não foram. Os jovens hoje estão preocupados extremamente com o mercado de trabalho, não confiam em ninguém, tem muito mais insegurança com relação a vida, são muito mais frágeis nos vínculos, muito mais temerosos. Tem todo um universo sobre a propaganda da sociedade que é falso. Os jovens não estão bem, não estão seguros, os pais se iludem com relação a isso. Os pais protegem os filhos excessivamente, carregam os filhos com projeções narcísicas, no sentido de que querem que os filhos resolvam coisas que eles não resolveram, que eles se deem na vida melhor do que eles se deram, o que não é uma coisa errada, é normal, mas como agora eles têm um ou dois filhos, a capacidade de erotização deles é muito maior de quando se tinha quatro filhos. Isso quer dizer que a cada geração nossos filhos ficam mais ansiosos e muitos precisam até de ansiolíticos, eles têm muita dificuldade de lidar com a tensão, precisando até ser medicados. Os pais e a escola têm uma demanda de que a escola se acomode a eles, uma demanda de autoestima dos jovens, então, o mundo está decidido inteiro a tornar o jovem um frágil.

Afirmou que nós, os mais velhos, que nesse final de vida, a religião e a espiritualidade, não são conceitos iguais, mas são relacionados a tradição, a boa espiritualidade onde está sempre ligada a uma tradição, a espiritualidade de bolso, como se diz hoje, pessoas que se convertem ao budismo em dois dias, na verdade não são budistas coisa nenhuma, simplesmente porque não há tradição dela aos muitos anos de estudo e prática necessária. A espiritualidade tem que ter um vínculo com a tradição religiosa, ou seja, lá o que for, normalmente ajuda mesmo, pois a religião sempre ajudou a viver porque a religião é uma resposta a falta de sentido na vida. Pessoas que tem práticas religiosas, normalmente o fazem com outras pessoas, e ao fazer com outras pessoas convivem com outras pessoas, então não há dúvida que a espiritualidade ajuda a viver, ajuda a morrer, ajuda a fazer amigos, ajuda a lidar com o sofrimento, que é um dos núcleos das religiões. Mesmo que as religiões sofram com uma erosão que elas têm sofrido com o mundo moderno, elas estão existindo muito bem, obrigado, mesmo em vários níveis, espiritualizadas, mais regressivas, mais fundamentalistas, mais fechadas, mais abertas, mais em convívio com as transformações… Fala-se até em espiritualidade artificial, onde um livro chamado ‘máquinas espirituais’ fala de um robô que pensa artificialmente e logo se pergunta a finalidade da existência se convertendo assim a espiritualidade.