Lula e seu “poder de negociação”.

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Tentam negar a Lula seu poder de negociação. No entanto, em certa escala, ele é irrecusável. O líder máximo petista exibe um histórico de prodígios concretizados ao lado de um bom estoque de cervejas, tendo um interlocutor recalcitrante à sua frente e o Tesouro Nacional como poder de barganha.

É possível que o cacife, o talento e a sede não fossem suficientes para selar um acordo de paz entre Zelenski e Putin, ou entre o deputado Daniel Silveira e o ministro Alexandre de Moraes. No entanto, lhe foram bem proveitosos esses dons para negociações imobiliárias particulares, remunerações de suas imperdíveis palestras internacionais, sólidos acertos com o Centrão quando ocupou a presidência e a tudo aparelhou com seus indicados – das portarias das repartições às doutas poltronas do STF. Como negar-lhe tais habilidades?

Não foi bem, contudo, na escala internacional. Mesmo dispondo de amplo apoio da “Internacional”, que apostara as próprias fichas no líder esquerdista que surgiu no Brasil, Lula não obteve êxito em suas pretensões junto à ONU, onde sonhou com um lugar permanente no Conselho de Segurança e onde ambicionou mandato como Secretário Geral da organização. Tampouco colou seu esforço para ser presidente do Banco Mundial, ou reconciliar EUA e Irã, ou ser agraciado com o Nobel da Paz. Mas se deu tão bem no Foro de São Paulo!…

Em resumo, em certo nível onde os requisitos éticos andem de farol baixo ou a toco de vela, Lula é um bom mascate Num plano mais elevado e complexo, como os que estariam envolvidos em suas observações sobre a guerra na Ucrânia, a tal reunião em mesa de bar entre as partes me fez lembrar, numa escala mixuruca e burlesca, a desastrada Conferência de Munique com que Chamberlain pretendeu evitar a invasão da Europa por Hitler.

Temos, aqui, falante entre nós, o Chamberlain de Garanhuns.