Lo Cortés no quita lo Valiente …

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Este é um dito popular que remonta há vários séculos e foi atribuído a muitos generais e vultos históricos da antiguidade.
Ele caracteriza o fato de que podemos dizer o que quisermos diante de quem quer que seja, investido ou não de autoridade, sem ofender nem perder a noção de respeito, moralidade e educação.
Na verdade, podemos até processar alguém sem no entanto lhe ofender ou causar qualquer dano moral.
Mas isto, é claro, é uma arte no campo do Direito, das relações públicas ou humanas e da diplomacia que pode ser utilizada tanto por um cidadão ou cidadã comum num discurso ou no interagir com os demais, quanto por um querelante em causa própria, um diplomata, um advogado ou magistrado.
E assim como dizia Arquimedes em relação ao poder da alavanca, que com um ponto de apoio levantaria o mundo, também podemos afirmar que com educação e moralidade (ou com o que alguns chamam de ‘politicamente correto’), podemos melhorar a nós mesmos e ao mundo.
Mas, fazendo o contrário, podemos ser seriamente prejudicados do ponto de vista jurídico, no chamado ‘estado democrático de direito’, no campo das relações interpessoais.
Um dia, numa parada de ônibus, ouvia um cidadão contar a uma senhora que fora convidado por um amigo como testemunha numa ação trabalhista. A ação estava praticamente favorável para o seu amigo, mas na última hora o advogado da parte contrária trouxe um novo argumento e o seu amigo perdeu a causa.
Indignado pelo fato de o juiz ter acatado o argumento da defesa, num momento de descontrole emocional, tomou para si a derrota do seu amigo e ofendeu o magistrado, sendo na hora multado numa quantia que era quase todo o dinheiro que possuía na sua caderneta de poupança, por desrespeito e desacato à autoridade.
Conto isto como verdadeiro pelo que ouvi. Mas vejam vocês o dano e o prejuízo que nos pode causar o fato de nos conduzirmos precipitadamente, em palavras e atitudes, sem pensar nas consequências, sendo apenas valentes e, ao contrário do que afirma o título deste artigo, sem nenhuma cortesia.
Que isto possa servir de reflexão a todos nós, para mantermos o equilíbrio em nossas palavras e atitudes, nesta época de grande corrupção no seio das instituições e do poder público, notadamente o político, e de grandes injustiças econômicas e sociais contra o trabalhador, o servidor público, o cidadão e o contribuinte brasileiro, pois, apesar de todos os pesares, as coisas podem se inverter por nossa culpa, e em lugar de vítimas, podemos virar réus.