Igreja Matriz de Sant’Ana do Livramento

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Nossa Igreja Matriz está completando 100 anos, embora a paróquia Sant’Ana seja mais antiga que a Matriz, isso porque antes de sua construção, a paróquia já tinha suas atividades em outra Igreja no mesmo local (Paróquia é organização religiosa e igreja é a sede da paróquia). O centenário da Matriz se dá neste ano de 2018 porque foi quando se iniciou a construção da nova igreja em 1918, finalizada somente em 1925. Ela foi reconstruída com grande sacrifício por doações dos moradores. O prédio atual detém elevado histórico cultural desde a primeira pedra espiritual à sua nova arquitetura em estilo barroco, com significados bíblicos, teológicos e profunda mensagem de fé. Documentos indicam que a paróquia foi criada no mesmo ano de fundação da primeira diocese do Estado em Porto Alegre em 1848. Em 1959 houve uma divisão da paróquia para maior comodidade dos fiéis com a criação das paróquias do Rosário e Santa Terezinha.

Antes da criação da paróquia, depois a atual Matriz, era a Capela de Nossa Senhora do Livramento, filial da Matriz de Alegrete e pertencente ao município de Cachoeira, teve lugar no ano de 1823. Pouco depois de sua conclusão foi pedida a elevação a Curato, o que foi concedido por provisão passada a 22 de março de 1824, pelo Vigário Geral efetivo Antonio Vieira da Soledade. Foi nomeada nessa ocasião o primeiro pároco, o cura Frei Bernardo das Dores, carmelita descalço.

Há curiosidades na nossa Matriz, como pelo lado de fora umas faixas curvas em alto relevo em alvenaria na parte superior das janelas da sacristia, são imagens de demônios e dragões como ornamento. No meu livro o Carpinteiro do Tempo, conto que fiéis se indagavam com curiosidade, se isso não seria um sacrilégio. Muitos se perguntavam sobres esses demônios decorativos nas janelas? Num lugar tão sagrado como esse! – O padre explica que são gárgulas usadas nas igrejas desde os tempos medievais. – Acredita-se que as gárgulas eram colocadas nas Catedrais para indicar que o demônio nunca dormia, exigindo a vigilância contínua das pessoas, mesmo nos locais sagrados. Tem uma lenda francesa, que gira em torno do nome de São Romano (641 D.C), primeiro chanceler do rei merovíngio Clotário II, que foi feito bispo de Ruão. A história relata como ele e mais um prisioneiro voluntário derrotaram “Gárgula”, (La Gargouille), um dragão do rio (ou serpente do rio) que vivia nos pântanos da margem esquerda no rio Sena, em Rião, e que afundava os barcos e comia as pessoas e os animais da região. Um dia, o bispo atraiu a Gárgula para fora do rio com um crucifixo, e usando seu lenço como cabresto, levou o monstro até à praça principal. Lá, os aldeões a queimaram até a morte.

Por isso nossa cidade ficou com dois oragos, santos protetores, que são nada mais, nada menos, que a avó de Jesus, Santa Ana ou Sant’Ana e a mãe dele, a Virgem Maria. Ela é invocada com o título de Nossa Senhora do Livramento para relembrar o livramento do fidalgo português Rodrigo Homem de Azevedo, preso pelo Duque de Alba, no século XVI. Invocar Nossa Senhora é certeza de livramento, pois a intercessão dela tem um valor altíssimo diante de Deus, já que é a Mãe de Jesus, nosso Senhor Deus.