Algumas considerações para viver bem o presente

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Quando na Roma Imperial os gladiadores cumprimentavam o imperador e diziam: “Ave César, os que vão morrer te saúdam.”, eles estavam conscientes que certamente não iriam sobreviver àquele combate. E na véspera de seus enfrentamentos, geralmente mortais, era-lhes proporcionado o melhor banquete, o melhor vinho e a companhia das mais lindas mulheres, para que, naquela noite, desfrutassem daquele fugaz momento com o melhor dos entretenimentos, alegria e prazer.

Sócrates, três ou quatro séculos antes do Circo Romano, como era um filósofo, na véspera de sua execução participou de outro tipo de banquete. Na longa noite que antecedia a sua morte, ele se reuniu com seus discípulos e discorreu sobre a vida e a morte, pedindo que não chorassem, uma vez que ele, Sócrates, não morreria ali, mas que a sua alma apenas se despojaria daquele invólucro material e a sua essência espiritual continuaria preservada. E, no dia seguinte, com a maior serenidade, bebeu o veneno e esperou que fizesse efeito. Sócrates, antes de morrer, fez o que melhor gostava de fazer, reunir-se com seus discípulos e conversar.

Seja como for, nem todos sabemos exatamente quando iremos morrer, a não ser algumas figuras extraordinárias que previram sua própria morte, como foi o caso de Jerome Cardan, célebre matemático e escritor italiano.

Mas também têm acontecido desencarnes coletivos, só explicáveis perante as leis de causa e efeito pela doutrina espírita.

No primeiro século da era Cristã, sem que as pessoas acreditassem no que estava acontecendo e continuassem normalmente os seus afazeres, as cidades de Pompéia e Herculano e seus 17.000 habitantes foram soterrados sob as pedras incandescentes e cinzas do vulcão Vesúvio.

Em 1915, nas costas da Inglaterra, o maior e um dos mais modernos e seguros navios do mundo na época, o Lusitânia, sem que ninguém esperasse, apesar de o mundo estar em guerra, foi torpedeado pelos alemães e naufragou, matando quase todos os seus 1.900 passageiros.

No Oceano Índico, em 2004, no dia 26 de dezembro, famílias inteiras de turistas e nativos ainda repousavam em seus quartos de hotéis, suas casas e choupanas, quando, de repente, à primeira hora da manhã, uma gigantesca onda oceânica se levantou e invadiu as ilhas onde estavam e, em pouco tempo, lhes ceifou as vidas. Foram cerca de 220.000 mortos.

E assim tem acontecido. Nos mais diversos pontos do planeta. Pavorosos e repentinos desastres, por terra, mar e ar, bem como cataclismos naturais, com ou sem aviso prévio, acontecem, matando repentinamente pessoas de todas as idades, religiões, cores e condições sociais.

Portanto, como estamos aqui de passagem e ninguém sabe como, nem o dia e a hora em que iremos embarcar no mitológico Barco de Caronte, procuremos viver cada um a seu modo, da melhor maneira possível, o tempo presente.