Botafogo encerra time de basquete e técnico fala em missão cumprida

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Figueiró lamenta término, mas valoriza resgate do orgulho do torcedor

A próxima temporada do Novo Basquete Brasil (NBB), prevista para começar em 14 de novembro, não terá a presença da equipe do Botafogo. Em dificuldades financeiras, o clube não manterá o projeto de basquete. A informação foi dada, primeiro, pelo Blog do Sousa e confirmada à Agência Brasil pelo técnico Léo Figueró, que comandava o Alvinegro desde 2017. A agremiação ainda não se pronunciou.

“Foi um projeto vitorioso, que conseguiu todos os objetivos. No meu modo de ver, tinha páginas na história a serem escritas. Infelizmente acabou, mas, fica o sentimento de dever cumprido, do orgulho do torcedor resgatado, da alegria no sorriso no torcedor. Acho que isso o basquete conseguiu concretizar, com muita maestria. A gente lamenta o ocorrido, mas, foge da nossa alçada a continuação ou não da equipe”, disse o treinador, que também foi jogador do clube.

Ele também se manifestou sobre o encerramento das atividades em uma postagem no Instagram. Pela mesma rede social, atletas e membros da comissão técnica publicaram stories (registros com duração de 24 horas) repercutindo mensagens de torcedores, lamentando o término do projeto. O contrato deles e de Figueiró havia terminado em junho.

 

O orçamento do basquete era estimado em R$ 4 milhões por ano. A maior parte do montante era bancada por uma parceria com a empresa de telefonia Tim. A renovação do patrocínio, porém, consiste especificamente em “ações de experiência dos torcedores” e “possibilidade de apoio a ações culturais”, o que impede o investimento na modalidade propriamente dita. Em paralelo, a situação financeira do clube é delicada. Na quinta-feira (30), funcionários do Botafogo com vencimentos atrasados emitiram nota pedindo “socorro” pelos “quatro meses de angústia”.

O basquete do Botafogo tinha sido reativado em 2015, após 13 anos. Duas temporadas depois, a equipe foi campeã da Liga Ouro (antiga divisão de acesso). Em 2018, logo na estreia no NBB, o Alvinegro chegou à semifinal, caindo para o campeão Flamengo. Já no ano passado, venceu a Liga Sul-Americana, segundo maior torneio do continente, em uma campanha marcada por viradas, como contra o Ciclista Olímpico, da Argentina, na semifinal – o time carioca iniciou o último quarto 17 pontos atrás, mas, conseguiu a classificação.

Graças ao título, o Glorioso disputaria a próxima edição da Champions League, a “Libertadores” da modalidade. A vaga deve ficar com o São Paulo, que estava em terceiro na tabela do NBB, antes da competição ser encerrada, de forma precoce, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19) – a Liga Nacional de Basquete (LNB) ainda não se pronunciou sobre isso. Flamengo e Sesi Franca, que eram líder e vice-líder do campeonato nacional, respectivamente, são os outros classificados.

Em entrevista à Rádio Nacional, após a conquista Sul-Americana, Figueiró admitia que o futuro da modalidade no Botafogo era incerto. “A gente anda junto com o movimento do clube. Precisamos entender o que será essa S/A, como viverá e caminhará o esporte olímpico. Se for uma maneira de liquidar os passivos do clube e permitir a captação [de recursos] via lei de incentivo e estatais, o que não pode hoje pelo clube não ter a CND [certidão negativa de débito], vejo com bons olhos e grande chance de profissionalização do departamento”, avaliou o técnico, em dezembro.

Edição: Cláudia Soares Rodrigues

Por Lincoln Chaves – Com TV Brasil e Rádio Nacional – São Paulo