Nefasto racismo

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Há três mil anos atrás surgiu na Índia o hinduísmo, transcrito no Código de Manu, e esta religião reconhecia que os homens eram divididos em castas sociais. A estrutura dos grupos na Índia, formados pela sua descendência, ficou partilhada entre os brâmanes (a casta superior, dos filósofos, sábios e educadores), kshatriyas (administradores e soldados), vaishyas (comerciantes e pastores) e sudras (artesãos e trabalhadores braçais).

Além destas, ainda existe uma categoria numerosa de indivíduos que são os Dalits e que não se enquadram em nenhuma destas castas, pois são excluídos de todos os direitos sociais e humanos e vivem segregados da sociedade, apesar de se constituírem em milhares de pessoas e a Constituição da Índia vigente desde 1950 diga que todos são iguais. Os Dalits são chamados de intocáveis, porque eles não podem ter algum contato epidérmico com alguém não Dalit. Esta mancha social ainda perdura.

Na Babilônia, o Código de Hammurabi, do século 19 a.C, dividia os humanos em três classes: os awilum que tinham os direitos civis e exerciam as funções importantes do Estado, os muskênum que faziam os trabalhos comuns e os escravos sem quaisquer direitos. Lendo-se o § 196 do Código, compreende-se a distinção entre as classes: “Se um awilum destruiu o olho de um awilum, destruirão o seu olho. Se destruiu o olho de um muskêmum, pagará uma mina (500 gr.) de prata”.

Sendo o ofendido da mesma casta, aplicava-se a pena de talião; se de classe inferior o ofendido, teria direito a uma indenização módica. No tempo de Cristo também havia discriminação social em Israel. Os judeus segregavam os samaritanos e proibiam até o contato verbal com eles e Jesus, por ser judeu, também deveria cumprir aquela proibição. Está no Novo Testamento.

Vale lembrar que em 1452 o papa Nicolau V publicou a bula ‘Dum Diversas” dirigida ao rei de Portugal, na qual dizia textualmente: “Nós lhe concedemos, por estes presentes documentos, com nossa Autoridade Apostólica, plena e livre permissão de invadir, buscar, capturar e subjugar os sarracenos e pagãos e reduzir suas pessoas à perpétua escravidão…” Antes disto, os cristãos europeus praticaram crimes raciais durante as Cruzadas (1095/1270) com o objetivo de reconquistar Jerusalém das mãos dos muçulmanos.

Apesar daqueles horrores praticados em nome de Jesus que pregou o amor e o respeito entre os irmãos (Mc 12.31), a triste prática racista se repetiu na 2ª Guerra Mundial com a ascensão do nazismo na Alemanha e o cometimento do Holocausto de seis milhões de inocentes. Lamentavelmente esta nódoa humana ainda perdura em alguns grupos.

Além da milenar segregação dos Dalits na Índia, ainda se constata manifestações racistas em muitas latitudes; na Europa contra oriundos de algumas regiões e nos EUA os supremacistas odeiam os afrodescendentes, sem esquecer as perseguições que houve aos armênios, curdos, ciganos, etc.

Periodicamente, é descoberto e abortado o trabalho escravo no Brasil a despeito de estarmos em pleno século 21. .O mínimo que se pode esperar é a repulsa a estas ações.